
Em 2014 fui às ruas por Dilma. E, ao contrário do que anseiam os oposicionistas, iria de novo.
Os bons perdedores sempre tiveram meu respeito. Saber perder é fundamental no esporte, no amor, e, sobretudo, na política. Saber perder é o que mantém viva a democracia e nos afasta de tempos sombrios e não muito distantes da história brasileira, quando a força suprimia a liberdade e o sangue afogava a esperança. Muitos morreram ou foram torturados na luta por um novo País, entre eles Dilma Vana Rousseff, minha presidenta, e não são manchetes de jornais golpistas e nem discursos acalorados de uma oposição raivosa (e má perdedora) que diminuirão meu carinho, admiração e confiança nesta guerreira.
Falo de saber perder porque ainda hoje, quatro meses após a eleição, ainda tentam forjar um terceiro turno. O projeto PT de sociedade saiu mais uma vez vitorioso nas urnas, e ainda que a diferença tenha sido de “apenas” 3,4 milhões de votos, essas são as regras do jogo e vamos SIM continuar governando e mudando o País nos próximos quatro anos. Sou defensor da democracia e qualquer discurso que atente contra ela não terá nada além do meu sincero desprezo.
Sobre as medidas econômicas e trabalhistas tomadas nas últimas semanas, eu, como muita gente, tenho minhas críticas. Dói saber que quem recebe míseros R$ 1.787,77 terá 7,5% de sua renda abocanhada pelo leão, que os juros para o financiamento da casa própria subiram de 9 para 11% a.a. (fui atingido diretamente por essa pancada), e que serão necessários pelo menos 18 meses na mesma ocupação para que o trabalhador passe a ter direito ao seguro-desemprego.
Mas tudo isso, nem de longe, apaga os avanços vividos pelo País nos últimos 12 anos. No plano econômico, temos o menor índice de desemprego da história (4,8% logo após as eleições) e a menor inflação média desde a redemocratização (5,95%, ante os 12,04% de FHC). A política de valorização do salário mínimo aumentou em 71% seu poder de compra e fez com que ele atingisse o maior patamar de todos os tempos: R$ 788,00. Além disso, diversificamos e ampliamos nossas relações comerciais com o mundo inteiro, passamos de devedores a credores do FMI e nos tornamos a 7ª economia do planeta.
No bojo das mudanças, o foco sempre foi o povo. Enquanto avançávamos, retiramos 36 milhões de pessoas da pobreza extrema (22 milhões apenas no Governo Dilma) e outras 42 milhões ascenderam à classe média. Críamos 282 novos Ifes e 18 novas universidades federais, geramos mais de 3,5 milhões de vagas no ensino superior, 100 mil universitários foram enviados ao exterior com bolsas de estudos graças ao Ciências sem Fronteiras, e 8 milhões de pessoas se formaram pelo Pronatec.
Mais uma vez, repito que não são os jornais que pautarão minhas críticas ao Governo. Corrupção na Petrobras tem de ser investigada, quem errou deve pagar, mas não me arrependo do meu voto e nem aceito o rótulo de cúmplice de ingerências na companhia. Sabe por quê? Porque nunca se investigou tanto a corrupção como no governo Dilma. Porque a Petrobras é um dos maiores símbolos de nossa soberania e de nossa riqueza tecnológica e científica, e há em curso uma clara campanha para promover sua desvalorização. E porque o objetivo final dessa campanha é leiloar a Petrobras e nosso pré-sal a preço de banana para grupos multinacionais, como foram a Vale, a Telebrás e tantas outras gigantes estatais.
Como se não bastassem todos esses fatores, ainda há outro ponto fundamental. Ética e honestidade nunca foram qualidades de nossos adversários do segundo turno. Protegidos pela mídia, seus maiores escândalos nunca tiveram o mesmo destaque que a menor denúncia sobre um dos quadros do PT. Quantas vezes você viu, na grande imprensa, matérias sobre a compra de parlamentares para a reeleição de FHC, a privataria tucana, a construção de aeroportos nas terras da família de Aécio ou os desdobramentos da investigação sobre o helicóptero do pó? Se chove pouco e falta água em SP, a culpa é da natureza. Se chove pouco e as hidrelétricas não atuam com 100% de seu potencial, a culpa é da Dilma! Mera coincidência? Óbvio que não. E dados do Manchetômetro, uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública da UERJ, comprovam que a perseguição ao maior partido de esquerda do hemisfério sul é real.
Veja o levantamento sobre a cobertura dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo nas eleições de 2014. Enquanto Dilma teve apenas 10 notícias positivas, Aécio foi contemplado com 41. Já a diferença nas matérias negativas é gritante: 44 contra Aécio e 212 contra a Dilma!

Se você é anti-PT ou anti-Dilma, deve ter pensado “ah, mas Dilma é a presidenta, o foco nela é maior”. Mas não é bem assim. Observe os dados da cobertura da corrida presidencial em 1998:

Disparidade extrema, não é mesmo? A campanha contra Lula era tamanha que Fernando Henrique alcançou 33 manchetes positivas e só 18 negativas, isso em pleno período eleitoral! Já Lula, ainda sem o fardo do “mensalão” nas costas, contou com duas míseras notícias favoráveis e 26 contrárias.
Poderia ficar aqui analisando todas as campanhas, mas este não é meu objetivo e os dados estão disponíveis no site, a quem interessar. Mas é por tudo isso que minhas críticas não são pautadas pelos comentaristas da Veja ou da Globo News. Em oposição ao que eles pregam, eu não quero austeridade e muito menos redução do papel do Estado. Pelo contrário, quero o fortalecimento das empresas estatais, a divisão da renda e mais direitos e oportunidades para as minorias (negros, mulheres, LGBT’s, índios e tantas outras). Também quero mais impostos para os mais ricos, taxação das grandes fortunas, ampliação da reforma agrária e 40 horas semanais para os trabalhadores.
Minhas reivindicações não provém da agenda neoliberal da mídia, e sim de uma análise fundamentada nas teses da esquerda, e, neste sentido, não me furto a rechaçar com veemência a escolha de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura e de Joaquim Levy para a Fazenda. A indicação destes dois não cabe em um governo progressista e vai contra tudo aquilo que eu (e a maioria dos eleitores de Dilma) busco e acredito.
Por tudo isso, reafirmo meu compromisso com a reforma política, instrumento imprescindível para a redução da corrupção, do fisiologismo partidário e das barganhas por cargos e ministérios. Reafirmo também meu compromisso com Dilma e com o Partido dos Trabalhadores, nascido do sonhos de operários, agricultores, professores, sindicalistas, intelectuais, artistas, comunidades eclesiais de base, entre tantos outros grupos e movimentos sociais.
E a você, caro amigo, que responsabiliza o eleitorado de Dilma pelo aumento da gasolina (até porque os donos de postos não tem nada a ver com isso, não é mesmo?), pelo aumento da energia e pela corrupção na Petrobras, eu pergunto: Seu deputado estadual votou contra ou a favor do aumento do próprio salário para R$ 26 mil? Contra ou a favor do retorno do pedágio? Seu governador acabou com o projeto do aquaviário, com os projetos de cultura e com os concursos públicos no Espírito Santo? E seu senador e seu deputado federal, o que dizem da reforma política? São a favor do financiamento por empresas? Antes de bradar palavras de ordem no Facebook, pesquise o histórico de seu candidato, entre no site do TSE e veja quem bancou sua campanha, se está trabalhando pelos eleitores ou pela iniciativa privada. Depois me chame para sentar na mesa do bar e discutir tudo isso tomando uma boa gelada.
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